
O CAPACITA, ocorrido no dia (21/03), teve como tema “Letramento Racial - Qual seu papel na luta antirracista?”.
28 abril, 2025Na manhã desta sexta-feira, 21 de março, Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, a Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA) promoveu o Capacita ACPA com o tema “Letramento Racial”.
O diretor da JG Consultoria, Treinamento e Soluções para Promoção da Igualdade Racial, Juliano Guedes, foi o palestrante, que iniciou o evento fazendo um questionamento: Qual o papel de cada um na luta antirracista?
Na sua visão, antes da busca pela resposta é preciso uma reflexão sobre o comportamento social relacionado ao tema. O primeiro passo é entender que o racismo existe e é estrutural. “A luta só vai ter significado com todos juntos”, afirmou Juliano.
Uma vez que o racismo é uma questão estrutural, este gera repetição dos atos e acaba por acontecer de maneira recorrente. Ou seja, conforme entende Juliano, é preciso olhar para o estrutural para começar a falar de racismo. Quando se fala em estrutural, são as crenças inseridas na educação do ser humano, formadas durante a vida, algumas vezes de maneira involuntária e, de outras, proposital.
O palestrante destacou que entender o que é racismo é fundamental para compreender as formas de atuação perante o assunto. Por definição, “racismo” é um sistema de opressão, conferindo privilégios para um grupo, oriundo de um processo histórico de hierarquização racial e desvantagens perceptíveis a outro.
Alguns caminhos foram apontados pelo diretor para que se promovam mudanças significativas na busca pela igualdade: a ampliação de políticas públicas e privadas equitativas racialmente; desenvolvimento de lideranças negras; preparação de talentos para a ocupação de posições de poder e decisão; ações de fomento e apoio ao afroempreendedores; e o letramento racial para negros e não-negros.
Juliano trouxe outro ponto relacionado ao tema importante para a consciência racial: o letramento racial. “Compreender a história é o primeiro passo para transformar práticas cotidianas que perpetuam desigualdades. É preciso letrar-se racialmente”, explicou.
Para compreender esse conceito é preciso entender o que originou o termo. “Letramento racial” foi introduzido pela socióloga norte-americana France Winddance Twine em suas pesquisas sobre relacionamentos interraciais nos Estados Unidos e no Reino Unido. Twine identificou que pais brancos de filhos negros ou mestiços precisavam desenvolver um conjunto de habilidades e conhecimentos para compreender e lidar com as experiências raciais vividas por seus filhos. Isso incluía reconhecer o racismo estrutural, preparar os filhos para enfrentar a discriminação e prover uma conexão com a cultura e a identidade negra.
Ainda sobre o letramento racial, Juliano apresentou alguns fundamentos sobre o termo para que haja ações concretas sobre o assunto. São eles:
- Um reconhecimento do valor simbólico e material da branquitude;
- A definição do racismo como um problema social atual;
- Uma compreensão de que as identidades raciais são aprendidas e resultado de práticas sociais;
- A posse de uma gramática e de um vocabulário racial que facilitem a discussão de raça, racismo e antirracismo;
- A habilidade de traduzir (interpretar) os códigos e as práticas racializadas da nossa sociedade;
- Entendimento das formas de experiências de racismo e racialização interseccionado com sexualidade e gênero;